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sábado, 2 de fevereiro de 2013

ITAPAJÉ: 130 ANOS DE ABOLIÇÃO DOS ESCRAVOS



Itapajé, historicamente é a segunda cidade do Ceará a abolir legitimamente a prática da escravatura em um episódio ocorrido no dia 02 de fevereiro de 1883.
O evento oficial aconteceu na Igreja Matriz de São Francisco de Assis e contou com as presenças de abolicionistas ilustres, como Felipe Sampaio, José do Patrocínio, José do Amaral, Antônio Martins, Bezerra de Menezes e José Marrocos, onde durante a solenidade foram alforriados 111 escravos gratuitamente.

O episódio da Abolição dos escravos em São Francisco foi assim narrado por Raimundo Girão, no livro: A ABOLIÇÃO NO CEARÁ, Editora  A. BATISTA Fontenele, EDIÇÃO DE 1956, Páginas 162 e seguintes:
“Em São Francisco não foi menor o arrebatamento: a comitiva da “Libertadora”, que aguardava, na povoação Arraial, (Nota: Na época, distrito de São Francisco de Uruburetama, atual cidade de Uruburetama, pois somente em 1º de agosto de 1890 esse distrito foi desmembrado de São Francisco), os amigos que a viriam receber, deu entrada na Vila (de São Francisco) às sete horas da noite, - de 1 de Fevereiro de 1883 – debaixo de flores, música e ovações febris. Ao descer de seu cavalo, falou (José do) Patrocínio, “abrindo com a magia de sua palavra o coração do povo”, que o saudava vibrantemente.
No dia seguinte a Câmara Municipal muda o nome das ruas do Comércio e dos Caratiús, para “Rua 2 de Fevereiro” e “Felipe Sampaio”, e concede a (José do) Patrocínio, título de cidadão Sanfrancisquense”.
Aos 2 dia  de fevereiro de 1883, as estrondosas festividades, começadas ao ronco de 21 tiros pela madrugada, abafando a vozearia da música, dos sinos e foguetes. A vilazinha, toda, em gala não cabia em si no seu júbilo justificado, e a sua igreja como que inflava com o átrio – (nota - Fora inaugurada havia alguns anos atrás, precisamente em 1878 ) -  e as calçadas para comportar toda aquela população que ia assistir à esperada solenidade.
O presidente da Sociedade Libertadora de S. Francisco, Dr. Antônio Ferreira de Melo Santiago, disse dos fins da sessão e deu a presidência a José do Amaral, que declina da honra em favor de Felipe Sampaio. Este exige que ela fique com Patrocínio, mas “O Tigre", explicando estar ali "quem dispunha da balança e da espada", o magistrado Antônio Columbano de Assis Carvalho, pede-lhe que aceite a direção dos trabalhos.
O primeiro a discursar foi o presidente da Câmara João Januário Barreto, que declara "oficialmente extinto no Município (de são Francisco) o elemento escravo". Outros oradores externaram os seus sentimentos: João Oto do Amaral Henrique, Antônio Martins, José do Patrocínio, Antônio Bezerra, José Marrocos e Raimundo Vóssio Brígido.
Segunda vez usava da palavra: Antônio Martins para recitar a poesia em que Rodolfo Teófilo cantava as glórias daquela terra, agora mais feliz. A seguir Antônio Bezerra, duas outras composições poéticas, uma de José Galeano e outra de Bernardino de Sales; e José Marrocos para dizer que trazia as flores do coração das Cearenses Libertadoras a fim de depô-las nas mãos das senhoras libertadoras de S . Francisco.
Patrocínio foi obrigado a orar diversas vezes e pôde gritar de pulmões cheios: - "Hoje cada pegada dos legionários da Liberdade é um pedaço de território livre! Bradando o fiat do alto das montanhas do Acarape, em baixo surgiu a vila da Redenção. Os ecos foram ressoar na cordilheira da Uruburetama e na serra da Aratanha, e São Francisco.Nota do autor. As efemérides ocorreram às 9 horas da manhã, em São Francisco – atual Itapajé, conforme transcrito na Acta comemorativa.

Fonte: http://itapagece.blogspot.com.br

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