Denúncias de mau atendimento no hospital municipal João
Ferreira Gomes (Fusec) são freqüentes nas emissoras de rádio da cidade e nas
redes sociais. O problema persiste e parece não ter solução. Na manhã da última
quarta-feira, duas senhoras estiveram na redação da rádio Atitude FM para
denunciar mais desmandos que ocorrem naquela unidade hospitalar.
A primeira denunciante, Valdelice Pereira de Mesquita, relatou
que há duas semanas seu pai está internado na unidade de saúde e até mesmo
simples remédios para gases e para conter diarréia não têm no hospital. Segundo
ela, a família teve que comprar os medicamentos para que o paciente não ficasse
sem os fármacos. Ela denunciou ainda a conduta grosseira de um médico que
presta serviço na Fusec. Valdelice
Mesquita narrou ainda que no domingo, dia 06, seu pai teve alta hospitalar e
voltou para casa, mas na madrugada de segunda-feira, dia 07, voltou a passar
mal e sentir fortes dores. A família ligou para o hospital para solicitar uma
ambulância, mas o veículo não chegou à residência do enfermo. A denunciante foi
até a Fusec em busca de socorro e relata que ao chegar ao local os funcionários
de plantão estavam dormindo. Disse ainda que um servidor da Fusec, ao ouvir sua
súplica fez deboche do estado de saúde de seu pai falando em tom de ironia a
seguinte frase: “Acorda motorista [da ambulância], que tem um homem no banheiro
com diarréia”.
Já de volta à Fusec o paciente foi incluído na lista de
espera da central de marcação de consultas da secretaria de saúde com
orientação médica para ser submetido a uma endoscopia. Ao reclamar da demora
para transferi-lo para Fortaleza para realizar um exame a filha do paciente
afirmou que foi orientada por um servidor da saúde a pagar por um exame
particular. O servidor teria dito: “Você vai ter que se virar”.
A segunda denunciante, Francisca Simone de Oliveira Barbosa,
chegou à emissora em estado emocional visivelmente alterado para reclamar da
conduta de outro médico da Fusec. Segundo ela, ao entrar em uma sala do
hospital para perguntar se o referido médico começaria a atender naquele
momento, foi expulsa do local pelo profissional de saúde.
O médico teria dito
ainda que só começaria a atender quando bem quisesse. Ao questionar o
tratamento que o médico estava dispensando a ela, a paciente afirma ter
recebido a seguinte resposta: “Eu sou assim mesmo e trato qualquer um desse
jeito”. Francisca Simone ainda acusa o profissional de saúde de procedimento
médico questionável em um atendimento anterior e solicitou durante a entrevista
que a secretaria de saúde tome providencias no sentido de substituir o
profissional. Simone informou ainda que foi à Delegacia de Policia Civil de
Itapajé prestar queixa e fazer um boletim de ocorrência contra o médico.
Ouvida pela reportagem da rádio Atitude FM, a secretária de
saúde Sandra Lira, informou que o hospital municipal João Ferreira Gomes está
passando por uma reestruturação administrativa após a identificação de falhas
no atendimento. Segundo a gestora, não há o acolhimento necessário, tampouco o
atendimento humanizado indispensável aos pacientes e familiares. Disse ainda
que os médicos denunciados por mau atendimento foram advertidos e afirmou que não foi a primeira vez que
pacientes reclamaram da conduta dos profissionais. Sandra Lira garantiu que
medidas administrativas serão tomadas se constatada postura profissional
inadequada. Disse, entretanto, que é necessário levar-se em consideração a
versão dos médicos para os fatos e alertou que pacientes e familiares não podem
interferir na rotina dos médicos e nem questionar seus diagnósticos. A
secretária afirmou ainda que há vagas abertas para novos médicos plantonistas.
No que diz respeito à falta de medicamentos, Lira admitiu
que faltam itens, mas disse que os fármacos já estão chegando à unidade
hospitalar. Ela alertou ainda aos servidores que trabalham na Fusec que se o
hospital não informar à secretaria de saúde qual a demanda de medicamentos
ficará difícil fazer a reposição de estoques.
Ainda com relação às reclamações da senhora Valdelice
Pereira de Mesquita, Sandra disse que os pacientes com indicação de exames em
Fortaleza só podem ser encaminhados para a capital quando a central de
regulação de consultas do governo do estado liberar vaga em hospital público
para os pacientes na fila de espera da central de marcação de consultas do
município. Segundo ela, seria pior para o paciente ser transferido sem a
garantia de vaga em Fortaleza.
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