O Ministério Público Estadual, representado pelo promotor da comarca vinculada de Tejuçuoca, Dr. Plínio Augusto de Almeida Pereira, emitiu na última quinta-feira, dia 08, recomendação ao prefeito daquele município, Valmar Bernardo para que se abstenha de promover a feira de ovinocaprinocultura denominada Tejubode. O documento conclui que na atual situação de penúria por que passam os municípios cearenses e suas populações, em decorrência da prolongada estiagem que ocorre há pelo menos três anos (não estando Tejuçuoca alheia a esta situação), o poder público tem obrigação de privilegiar gastos com necessidades prementes, como água, educação, saúde e infraestrutura pública.
Dr. Plínio Augusto de Almeida Pereira considera ainda que gastos com a promoção de qualquer evento festivo, dadas as condições supramencionadas, é absolutamente irrazoável, despaltada de economicidade, moralidade e probidade. O Ministério Público alerta ainda que a promoção, o patrocínio, custeio de qualquer forma através de utilização de recursos públicos de qualquer natureza (erário municipal, estadual e federal) poderá ser interpretado como ato de improbidade administrativa, que será denunciado pelo MP à Justiça.
Na manhã desta sexta-feira, dia 09, o prefeito Valmar Bernardo reuniu em seu gabinete diversos órgãos de imprensa da região para informar que acatará a decisão do Ministério Público. Muito embora o evento já estivesse programado para acontecer nos dias 23, 24 e 25 deste mês, Bernardo considerou plausíveis os argumentos de Dr. Pereira. As alegações do representante do MP tornam-se mais consistentes ao levar-se em consideração que a prefeitura de Tejuçuoca tem feito um esforço gigantesco para garantir o abastecimento de água das comunidades rurais e da sede. Dezenas de poços profundos já foram perfurados e instalados na tentativa de minorar o flagelo do desabastecimento. O açude Boqueirão, principal ponto de captação de água para o abastecimento humano, está com menos de 3% de sua capacidade. Apesar disso, Valmar admitiu que o cancelamento da Tejubode trará um prejuízo imensurável para o setor turístico e para a ovinocaprinocultura. Muito embora as chuvas escassas não tenham sido suficiente para elevar os níveis dos reservatórios de água, as poucas precipitações foram suficientes para formar pasto para os animais. Ovinos e caprinos já estavam prontos para serem expostas na feira.
Ainda durante a entrevista coletiva Valmar Bernardo informou que se reunirá com seu secretariado para discutir a possibilidade de realização apenas de uma feira de negócios, sem o componente festivo ou outros entretenimentos. A alternativa, a exemplo do que aconteceu em 2013, amenizaria os prejuízos provocados pelo cancelamento da Tejubode.
Em 2013 o mais tradicional evento do calendário de Tejuçuoca foi cancelado porque, de acordo com o prefeito Valmar Bernardo, o município passava naquele momento por graves dificuldades financeiras causadas pela redução de repasses federais e agravamento da seca. Ainda de acordo com Valmar Bernardo, não foi possível firmar convênio com órgãos federais para realizar o evento. Na tentativa de minimizar os prejuízos provocados pelo cancelamento da Tejubode 2013, a prefeitura realizou no mês de outubro uma feira de menor proporção. Naquela ocasião foram movimentados R$ 650 mil em negócios, entre venda de animais, e projetos de infra-estrutura.
Em 2012, ultima edição da Tejubode, a feira movimentou cerca de R$ 2 milhões em geração de negócios e atraiu mais de cem mil pessoas durante os três dias de festas.
Atitude FM
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