Não é de hoje que os servidores do hospital municipal João
Ferreira Gomes (Fusec) trabalham temerosos de que a qualquer momento podem ser
vítimas de violência. Agressões verbais e abordagens ríspidas aos funcionários
daquela unidade não são incomuns. O período mais delicado corresponde aos
plantões de finais de semana. A unidade de saúde tem poucos recursos, apesar da
dedicação da maioria de seus colaboradores. A falta de estrutura e a
necessidade de encaminhamento para outras unidades em Caucaia e Fortaleza são
na maioria das vezes a causa dos desentendimentos entre servidores, pacientes e
familiares.
Outra ameaça à integridade dos funcionários públicos diz
respeito ao atendimento de pacientes com extensa ficha criminal envolvidos em
tiroteios e outras ocorrências graves. O temor é que durante esses
atendimentos, os algozes das vítimas invadam a unidade para mais uma vez
atentar contra a vida destes.
No último final de semana um homem visivelmente alterado
invadiu de motocicleta a recepção da Fusec e em tom intimidatório “recomendou”
que os plantonistas tratassem imediatamente um familiar que necessitava de
atendimento. O homem chegou a ameaçar fisicamente as pessoas que estavam de
serviço naquele instante.
O pequeno efetivo da Polícia Militar e a necessidade de
rondas ostensivas em toda a sede do município inviabilizam qualquer
possibilidade de manter um policiamento permanente na frente da unidade
hospitalar. A solução seria a implantação de uma cabine fixa da Guarda
Municipal com presença constante dos agentes públicos. Mas para tanto a
estrutura da Guarda Municipal de Itapajé teria que passar por investimentos e
aumento de efetivo. Quando foi criada em 2001, a corporação contava com 20
membros e hoje tem 10. Destes, apenas oito estão trabalhando no serviço
operacional. Além disso, os guardas teriam ainda que passar por treinamento
adequado e o ideal é que fossem equipados com instrumentos não letais de
contenção de distúrbios. Seja qual for a solução imaginada, uma providência
urgente tem que ser tomada antes que um evento mais grave aconteça.
Mardem Lopes