Páginas

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ITAPAJÉ: PREFEITURA QUER “VENDER” PRECATÓRIO E ANTECIPAR CRÉDITO SUPERIOR A R$ 20 MILHÕES PARA UTILIZAR EM ANO ELEITORAL

A Prefeitura Municipal de Itapajé enviou à Câmara de Vereadores Projeto de Lei nº 26/2015, em que solicita do Legislativo Municipal autorização para ceder direitos creditórios relativos ao Precatório nº 2015.81.08.027.000014, emitido em 30 de junho deste ano pelo Juízo Federal da 27ª Vara Federal, decorrente de Ação Judicial impetrada pelo Município contra a União em 20 de julho de 2006 e transitado e julgado em 30 de setembro de 2013.

Em decisão final o Tribunal Federal da 5ª Região, com sede em Recife/PE, determinou que a União proceda o pagamento de R$ 29.338.124,80 (vinte e nove milhões, trezentos e oitenta e oito mil, cento e vinte e quatro reais e oitenta centavos) em favor do município de Itapajé referentes às diferenças decorrentes da subestimação de receitas repassadas pelo Ministério da Educação para o município através do extinto Fundef entre os anos de 2001 e 2005. Deste valor, R$ 5.867.624,96 (cinco milhões, oitocentos e sessenta e sete mil, seiscentos e vinte e quatro reais e noventa e seis centavos), ou seja, 20% da indenização, devem ser destinados ao pagamento dos honorários do escritório de advocacia que defendeu os interesses do município.

Os demais R$ 23.470.499,84 (vinte e três milhões, quatrocentos e setenta mil, quatrocentos e noventa e nove reais e oitenta e quatro centavos), valor do ativo público já individualizado deve ser pago pela União até dezembro de 2016.

Ocorre, no entanto, que o prefeito Ciro Braga não está disposto a esperar até dezembro do próximo ano, data que coincide também com o final do seu mandato, para utilizar os recursos milionários. O supracitado Projeto de Lei enviado à Câmara tem o objetivo de “vender” o Precatório para uma instituição financeira ou outro ente interessado que venha a se enquadrar nos termos da concorrência pública. O chefe do Executivo Municipal quer antecipar os valores dando como garantia os direitos creditícios de pagamento líquido e certo. O negócio, no entanto, só tem sentido se quem vier a “comprar” o Precatório possa levar alguma vantagem sobre a operação. É sob esse aspecto que a proposta de antecipação de crédito poderá vir a causar prejuízos ao município. Há um ano de receber os valores integralmente da União, a municipalidade está disposta a abrir mão de parte do montante para poder utilizar o restante antes do fim do governo de Ciro Braga. Na prática funciona assim: depois de aberta a concorrência pública, ganha o ente ou instituição que estiver disposto a antecipar o maior valor financeiro para o município. Vejamos um exemplo: se um determinado banco oferecer R$ 20 milhões à Prefeitura pelo Precatório e nenhum outro concorrente estiver disposto a oferecer mais, ao final do processo o banco vencedor terá lucrado quase R$ 3,5 milhões e, consequentemente, o município terá perdido essa pequena fábula por não ter esperado doze meses para receber do Governo Federal o valor integral do Precatório.

A justificativa do Prefeito Ciro Braga é de que a crise financeira que afeta o município poderá causar a paralização de serviços essenciais e obras públicas. O gestor, no entanto, não especifica como pretende objetivamente utilizar o dinheiro. Seu argumento é genérico e na prática ele pretende utilizar os recursos como melhor lhe aprouver. O Projeto de Lei ainda deve ser analisado pelos vereadores.  


Mardem Lopes

Nenhum comentário:

Postar um comentário