Cerca de 200 moradores do Distrito de Moreira, no Município de Umirim, a
 90 Km de Fortaleza, realizaram uma manifestação, na manhã de ontem, 
contra as más condições da BR-222. Com faixas, cartazes e gritos, eles 
reclamavam da buraqueira e da paralisação das obras em parte da estrada,
 situação que vem trazendo transtornos tanto para motoristas quanto para
 a comunidade.
O protesto, que começou por volta das 8h30, 
aconteceu no Km 103 da rodovia, trecho localizado próximo à ponte do 
Riacho Moreira. Os moradores atearam fogo em pneus para bloquear a 
BR-222, causando um grande engarrafamento no local.
Acidentes
Após duas horas de manifestação, a 
comunidade entrou em acordo com agentes da Polícia Rodoviária Federal 
(PRF) para, aos poucos, desbloquear a estrada. Na opinião do policial 
rodoviário Evaldo Benevides, o ato é legítimo, já que as condições em 
que se encontra a BR-222 contribuem para aumentar o número de acidentes,
 colocando em risco a vida de vários condutores.
De acordo com o 
organizador do protesto, Francisco Cordeiro, a comunidade está sendo 
desrespeitada pelos gestores públicos. O problema, informa o morador, 
começa no Km 96 e termina no Km 106. "Os governantes precisam tomar as 
providências, porque estamos sofrendo bastante por causa desse impasse. 
Uma hora tem gente trabalhando nas obras, depois não tem mais", destaca 
Cordeiro.
Segundo ele, caso os serviços não sejam retomados até o
 próximo dia 14, um novo bloqueio na BR-222 será realizado em 15 de 
julho. "Precisamos lutar até que alguém nos dê uma resposta, não podemos
 ficar nessa situação. Queremos uma solução o mais rápido possível", 
afirma
Poeira
A poeira causada pela areia
 espalhada na estrada, principalmente quando os caminhões passam, é 
outro problema que vem tirando o sossego e a saúde da população do 
Distrito de Moreira. A comunidade se queixa dos inúmeros casos de 
doenças respiratórias que atingem, com mais intensidade, crianças e 
idosos.
A dona de casa Liduína Cruz Araújo, informa que o filho, 
de 13 anos, sofre de asma e vive tendo crises devido à poeira constante.
 "Ele piorou muito depois dessa obra, e o pior é que os serviços 
pararam. Venho gastando muito com remédios, mas não tenho conseguido 
controlar as crises dele por muito tempo. Acho que vai ser assim até 
solucionarem esse problema. Mas, infelizmente, as lideranças políticas 
não demonstram nenhum interesse em nos ajudar", desabafa Liduína.
A
 moradora Cosma Rodrigues Duarte já não sabe mais o que fazer para 
minimizar os transtornos. Ele cuida de três filhos pequenos e de uma tia
 idosa. "Até com as portas fechadas, não tem jeito, a poeira invade as 
casas. Temos sofrido com essa situação. O posto de saúde da comunidade 
vive lotado com pessoas doente", informa.
A reportagem enviou 
e-mail ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) 
comunicando a situação, mas, até o fechamento desta edição, o órgão não 
se pronunciou sobre o problema. 
DIÁRIO DO NORDESTE