O quinto ano
consecutivo de seca no Estado do Ceará impõe grandes desafios aos municípios,
sobretudo às pequenas cidades encravadas no sertão. Em muitas cidades, grande
parte dos já escassos recursos públicos é utilizada para financiar ações
paliativas. A mais comum delas é a contratação carros-pipa para levar água à
população. Apesar da implantação de programas federais como Operação
Carro-pipa, Seguro Safra, construção de cisternas de placa, Programa Água Doce,
Programa Água Para Todos e o próprio Bolsa Família, que garante uma tênue
segurança alimentar para as famílias de baixa renda, a situação em muitas
regiões do Ceará é crítica.
Em Tejuçuoca, cidade
que conta com aproximadamente 19 mil habitantes e tem área territorial de 760
km2, a seca está devastando a economia local. Neste ano a
expectativa é de que a safra de milho e feijão seja perdida quase que em sua
totalidade. A ovinocaprinocultura, atividade que rendeu ao município o título
de “Capital Cearense do Bode” e projetou Tejuçuoca em nível nacional, está
ameaçada por conta de um ciclo tão prolongado de quadras invernosas abaixo da
média.
Mas é o abastecimento
de água para consumo humano o que mais preocupa. O açude Boqueirão, principal
fonte de captação da Cagece para suprir a demanda dos moradores da sede, está
com apenas 2,63% de sua capacidade. Isso representa aproximadamente 740 mil m3
e é possível que, mesmo em regime de racionamento, a população enfrente um
colapso de abastecimento até o final deste ano. A situação da população da zona
rural – que é composta por mais de 50% dos moradores tejuçuoquenses - é ainda
mais crítica. De acordo com o prefeito Valmar Bernardo, até abril deste ano
trinta caminhões-pipa realizavam o abastecimento dessas comunidades, entre
veículos contratados pelo município e incluídos na Operação carro-pipa do Ministério
da Integração Nacional. Neste mês mais quatro carros foram incorporados aos
esforços para atender às famílias das localidades de Retiro, Barra do Caxitoré
e Jardim. A água fornecida pelos carros é retirada da estação de tratamento da
cidade de Caucaia, distante quase cem quilômetros.
*Mardem Lopes
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