O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio da
Promotoria de Justiça de Pentecoste e do Grupo de Atuação Especial de Combate
às Organizações Criminosas (GAECO), com apoio da Polícia Civil, deflagrou nesta
quinta-feira (18/10) a Operação “Caixa 2” visando a desarticular uma associação
criminosa que arrecadou altas quantias para financiar a campanha eleitoral de
2016. Segundo a investigação, até o momento, o valor acumulado ilicitamente foi
de, aproximadamente, R$ 300 mil, utilizado para custear a campanha do atual
prefeito de Pentecoste, João Bosco Pessoa Tabosa, e do presidente da Câmara,
vereador Pedro Hermano Pinho Cardoso. Além do prefeito e do presidente da
Câmara, o grupo contava com a participação da primeira-dama, Maria Clemilda
Pinho de Souza, e da procuradora do Município, Maria Clara Rodrigues Pinho. Com
o auxílio de Maria da Conceição Domingos Sousa, Moisés da Silva Gomes e dois
funcionários do Banco do Brasil de Pentecoste, José Elierto Correia e Igor de
Castro e Silva Marinho, foi realizada uma série de estelionatos em idosos, por
meio de empréstimos e adiantamentos de 13º salários sem autorização. De acordo
com o promotor de Justiça de Pentecoste, Jairo Pereira Pequeno Neto, as funções
eram bem definidas dentro do esquema: “As irmãs Clara Pinho e Clemilda Pinho
eram as articuladoras da associação criminosa, tendo sido elas as responsáveis
por contratar Maria da Conceição e sugerir-lhe a aplicação dos golpes. João
Bosco e Pedro Cardoso foram os principais beneficiados do esquema, uma vez que
todo o dinheiro angariado era destinado às suas campanhas eleitorais. Maria
Conceição e Moisés ficaram responsáveis por ganharem a confiança dos idosos,
contrair os empréstimos, efetuar os saques e entregar os valores às
autoridades. Igor de Castro e José Elierto alteravam as biometrias dos idosos,
a margem de contratação de empréstimos e saques nos caixas eletrônicos dos
clientes do Banco do Brasil”, detalhou. A operação evidenciou ainda um esquema
de funcionários fantasmas na Câmara Municipal de Pentecoste, isto é, pessoas
que nunca trabalharam no órgão legislativo estavam na folha de pagamento
recebendo salário. Conforme o representante do MPCE, uma dessas pessoas
“fantasmas” era Maria da Conceição, conhecida como "Sãozinha", que
ganhava esse valor como forma de contraprestação pelos serviços prestados na
campanha eleitoral do presidente da Câmara. “Pedro continuou a repassar o
pagamento para Conceição mesmo depois que esta teve a sua prisão preventiva
decretada, com o objetivo de evitar que a estelionatária fosse presa e citasse
o seu nome no esquema”, declara o promotor. Maria da Conceição foi a primeira
do esquema criminoso a ser presa e, com a colaboração premiada dela, o órgão
ministerial teve acesso a fotos e vídeos que demonstraram a participação das
autoridades municipais e serviram como base para concessão das medidas
judiciais autorizadas pelo juiz Caio Lima Barroso. A Justiça determinou a
realização de busca e apreensão na Câmara dos Vereadores e na residência de
Clara Pinho e Pedro Cardoso; o afastamento de Clemilda Pinho, Pedro Cardoso e
Clara Pinho dos respectivos cargos públicos por 180 dias, vedando que estes se
aproximassem de quaisquer órgãos públicos; o afastamento dos cargos dos
bancários por 60 dias; o sequestro de bens do prefeito João Bosco; e a quebra
do sigilo bancário dos envolvidos.
Por André Barros
Com informações do MPCE
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